
Uma análise pós-lançamento que revela o verdadeiro peso da nova obra de Hideo Kojima
Quando Death Stranding 2: On the Beach chegou em junho, veio como um trovão — trailers impactantes, expectativas altíssimas e aquela energia inconfundível de Hideo Kojima. Dois meses depois, o barulho diminuiu, os streamers seguiram para outros jogos e o trem do hype já parou na estação. Mas a grande questão continua: o jogo realmente se sustenta com o tempo?
Para quem não embarcou no lançamento, On the Beach é a continuação de um dos títulos mais divisivos da última década. É estranho, contemplativo, cheio de silêncios quebrados por monólogos filosóficos e toques de terror sobrenatural. E, como só Kojima sabe fazer, é único. Enquanto o primeiro Death Stranding — que inclusive ganhará adaptação para o cinema — dividiu opiniões, On the Beach mostra um criador dobrando a aposta em tudo o que acredita. E você vai amar… ou detestar.
Dois meses após o lançamento, já é possível enxergar o que realmente fica quando a poeira baixa.
O Que Permanece Após a Euforia
Com o brilho do lançamento já apagado, o verdadeiro teste é a durabilidade da experiência. E, surpreendentemente, ela se sai bem.
A jogabilidade central — entregar cargas, evitar perigos e construir conexões — continua meditativa e imersiva. Mas o que mais ressoa agora é o impacto emocional. A história, que começa de forma lenta, cresce até alcançar momentos tocantes. Temas como legado, luto e renovação ganham mais força quando revisitados longe do calor das primeiras impressões.
O componente online também brilha mais nesse período. Ver novas estruturas surgirem, ajudar e ser ajudado por estranhos que você nunca conhecerá… ainda é algo silenciosamente revolucionário. É o tipo de experiência que melhora quanto mais tempo você dedica.
Melhorias de Gameplay Que Fazem Diferença
Kojima não apenas reciclou a fórmula original — há mudanças reais e sentidas.
- Deslocamento aprimorado: o novo sistema de estabilizador e o scanner de terreno tornam áreas hostis mais gerenciáveis.
- Exoesqueletos personalizáveis: dão maior controle sobre como encarar terrenos difíceis.
- Combates e furtividade refinados: encontros mais variados e sequências furtivas menos descartáveis.
- Checkpoints e clima dinâmico: missões agora têm pontos de salvamento no meio e mudanças climáticas estratégicas, aumentando a imprevisibilidade.
As batalhas contra chefes? Ainda são longas, estranhas e memoráveis — exatamente como o público espera de Kojima.
Uma História Estranha, Triste e Surpreendentemente Boa
O enredo é a mistura que os fãs já conhecem: medo existencial, perda pessoal e comentários políticos sutis. Dois meses depois, ainda há discussões sobre os significados e simbolismos espalhados pelo jogo, o que já diz muito.
Sem dar spoilers, há uma forte mensagem sobre cura — tanto do mundo quanto de nós mesmos. As atuações de Norman Reedus e Léa Seydoux trazem um pé no chão a um universo que poderia facilmente cair na autoparódia. No fim, é um jogo reflexivo, melancólico e, de certa forma, otimista.
Vale a Pena Jogar Agora?
Se você busca ação constante, ritmo acelerado e recompensas imediatas, este jogo nunca foi para você. Mas se está aberto a algo mais lento, estranho e emocionalmente denso, On the Beach continua entregando — e talvez esteja até melhor agora do que no lançamento.
A comunidade online está mais sólida, as discussões amadureceram e muitos jogadores estão aprendendo a apreciar o título pelo que ele é — não pelo que esperavam.
Não é perfeito: o ritmo irregular ainda existe e algumas partes podem parecer cansativas. Mas como sequência, experiência e declaração artística, Death Stranding 2 é um triunfo à sua maneira.